Onde nasce o inverno na Arménia?

Lugares Improváveis

Dilijan é uma pequena cidade no norte da Arménia, conhecida como “Suíça” pelo seu cenário montanhoso. Este é provavelmente o melhor lugar do país para ver o inverno nascer depois do outono, as folhas douradas das árvores passarem a ramos brancos gelados…

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Dilijan, a “Suíça arménia”

Dilijan é conhecida como a “Suíça arménia”. A comparação é forçada, já que a única coisa em comum poderá ser o enquadramento montanhoso desta cidadezinha rural.

No tempo da ocupação soviética, este era um local privilegiado para artistas e escritores, que aqui se retiravam para repousar e criar, na paz da natureza. O cenário natural é de uma beleza alpina, classificada como Parque Nacional, e é especialmente encantador para apreciar a passagem do outono para o inverno.

É aqui que ele chega mais depressa, sem avisar: num dia passeamos junto ao lago Parz, no cimo dos montes, apreciando a paleta de dourados, amarelos e laranjas dos bosques, as folhas que polvilham as suas águas; no dia seguinte o caminho já está fechado. E não é preciso muito para que a estrada asfaltada que leva a Vanadzor fique coberta de neve e em risco de ficar intransitável.

A cidade de Dilijan é igual a muitas outras cidades arménias, com os seus prédios cinzentos e edifícios sem graça, à exceção de um pequeno centro histórico, onde houve algum cuidado em preservar o que já foi: um ninho acolhedor de ruas e casas de pedra sustentadas por grossas traves de madeira local, portas severas como entradas de castelos e varandas sobre a floresta.

Uma manhã junto ao Parz Lich – Lago Claro, embora durante o inverno não faça jus ao nome – , bem dentro deste bosque imenso, põe-nos em paz com a vida. São sobretudo carvalhos e bétulas, típicos da floresta do Cáucaso, que compõem o manto espesso de folhas das margens e boiam nas águas escuras, onde uma dúzia de patos vive dias felizes.

Outros habitantes do Parque Nacional de Dilijan, como o lince ou o urso pardo, não descem até aqui, onde os humanos vêm beber um pouco desta tranquilidade; não que a povoação seja muito agitada, pelo contrário, mas é impossível não desejar subir os montes em direção aos velhos mosteiros de Jukhtak ou Matosavank, e entrar nesta floresta antes que se transforme numa imagem a preto e branco, com o cair da primeira neve.

Cheguei num dia de sol glorioso, que furava as nuvens com focos de luz sobre a floresta que cobre os montes em volta da cidade – e fugi no dia seguinte, já rodeada por um manto grosso e opaco de neve e nuvens, que não deixavam ver mais do que branco para além da berma da estrada.


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