Lânguido Laos

Destinos

Coberto por uma abundante floresta tropical e recheado de magníficos templos budistas, o Laos é um país lânguido e relaxante, com uma cultura genuína à flor da pele.

Laos: viagens numa Ásia antiga

O Laos não tem praias ou centros urbanos agitados, mas garante-nos a descoberta de uma Ásia antiga, que está a desaparecer. A capital, Vienciana, dá o mote ao que vamos encontrar no resto do país: em vez do excesso de gente e ruído típica das metrópoles asiáticas, aqui predomina a calma, e até uma certa apatia em relação aos turistas. Poucos são os jumbos (riquexós motorizados) que abordam os estrangeiros; nas lojas é o comprador que interpela o vendedor, e os magotes de miúdos que se dirigem para a escola a pé limitam-se a sorrir e a cumprimentar com um simpático sabaidi (olá!).

O budismo não será, certamente, alheio a esta maneira de estar na vida, e a quantidade de templos em cada cidade – só em Luang Prabang são mais de trinta –, mostra bem a presença da religião na vida dos laocianos. Têm um estilo próprio e um tamanho modesto, com telhados de grande pendente e interior escuro, em contraste com o “barroco budista” do exterior: colunas e paredes douradas, pinturas coloridas, incrustações de vidro e espelhos, portas cobertas de relevos ofuscantes. E não são locais de visita ocasional: todos são mantidos e frequentados em permanência por grupos de monges de todas as idades.

As cidades têm a calma e o charme das antigas aldeias de França, a nação colonizadora de meados do século XIX a meados do século XX. E foram os franceses os primeiros anotar a languidez deste país, que na altura integrava o seu território da Indochina: “os vietnamitas plantam o arroz, os cambojanos veem-no crescer, e os laocianos ouvem-no…” era um dito da época.

A floresta tropical parece fundir-se com a presença humana, mesmo nas cidades. Em Luang Prabang, “a mais bem preservada cidade do sudeste asiático,” segundo a UNESCO, a colina de Phu Si, ela mesma coberta por um matagal frondoso, mostra-nos a cidade e o rio Mekong, um dos mais longos do mundo, ambos enterrados no verde húmido das árvores.

A natureza está aqui mesmo à mão, e alguns dos seus caprichos merecem bem a visita. Por exemplo, as quedas de água de Kuang Si, no meio da floresta; ou Vang Vieng, uma aldeola incaracterística que parece enredada numa teia de fios elétricos, mas onde há enormes “pães de açúcar” cobertos de floresta do outro lado do rio Nam Song. Sabe bem alugar uma bicicleta e percorrer os campos planos do vale, onde mulheres de chapéu cónico plantam o arroz novo à sombra das enormes formações rochosas.

Para além dos camiões, furgões e pick ups que regularmente servem de meio de transporte, é muito comum a deslocação em de bicicleta, motorizada e mesmo de elefante. Saindo da “rota turística” – se é que já se pode falar disso no Laos –, do circuito Vienciana – Vang Vieng – Luang Prabang – Muang Sing, penetrando nas montanhas em direção aos vizinhos Vietname e Myanmar, apercebemo-nos de que os laocianos vivem como verdadeiros Robinsons Crusoes. As aldeias são feitas de casas sobre estacas, em bambu e madeira, com um tear por baixo onde as mulheres dobam e tecem as suas próprias roupas. Come-se o que se planta e caça-se o que se pode, como se faz desde há séculos.

Em Muang Sing, numa das áreas com maior concentração de tribos das montanhas do país, o turismo parece estar a desenvolver-se de uma maneira curiosa: talvez por causa do ópio ser uma cultura tradicional na zona, e como tal, estar acessível de forma mais ou menos visível, há grupos de ocidentais que vêm até aqui mais pela experiência “psicadélica” do que pelo interesse cultural. A mistura não deixa de ser curiosa nos dias de mercado, quando as Akha, com os seus toucados de moedas de prata, as Hmongs, de roupas escuras com detalhes berrantes, e as Mien, com os seus turbantes e casacos de gola felpuda, se misturam com estes ocidentais pós-modernos, cada um no seu “trajo típico”, que inclui rastas e piercings

Em volta ficam os picos verdes das montanhas e uma floresta frondosa onde trepadeiras parasitas cobrem as árvores, formando cortinas vegetais ondulantes. Comparado com a vizinha Tailândia, o Laos tem algo de uma viagem no tempo: a aura romântica das casinhas afrancesadas das cidades, as revoadas de perus e galinhas que correm na frente das motorizadas, as filas de elefantes que caminham em direção à floresta, tudo recria um cenário arcaico, difícil de encontrar em outros locais da Ásia.

 


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