O Mundo segundo a Arte da Terra

Coisas do Mundo

O atelier Arte da Terra recria o mundo segundo duas visões: a de Maria Carvalho e a de José Teixeira, os dois artistas que partilham o espaço e a vida na aldeia de Paradela do Rio, nas proximidades de Montalegre (Trás-os-Montes). O material é o barro, a terra, que contém toda a natureza das coisas: as árvores, as flores e nós, os bichos.

A Arte da Terra de Maria e José

Maria cria Feiticeiros de cara longa, presépios natalícios com burricos de ar inocente e orelhas espetadas, ao lado de ovelhas sorridentes que parecem ronronar no aconchego da casa. Não são precisas explicações: a expressão das Famílias, dos Namorados ou dos Satisfeitos, transmitem imediatamente o essencial – até podíamos ser nós a dar-lhes o nome. Há luas habitadas e uma série de Montes de Sonhos, onde criaturinhas saltitam e esbracejam de felicidade sobre montículos de barro. Nas flores de cerâmica admiramos a beleza da forma insólita e o decalque quase infantil das estruturas naturais.

Das peças do José percebemos que tudo o que cria está obviamente em ligação direta com que se passa no mundo, e resulta de uma crítica social provocadora e de reflexões geralmente bem-humoradas: a coleção História de Vida, com homenzinhos em poses do dia-a-dia que apanham letras como quem apanha borboletas, percorrem os labirintos de cada um e sobem escadarias; organizam manifestações e guerras, caminham sozinhos pela borda de precipícios de barro – as imagens são tão simples que nos remetem imediatamente para uma história por trás.

Quanto mais simples é a personagem, como os homúnculos de casaco branco, mais profundo é o conto; quanto mais detalhada e graciosa, como os jericos sorridentes ou as flores, mais nos fixamos na beleza rude das formas.

Vale a pena visitar Paradela do Rio só para conhecer o atelier Arte da Terra, que fica na Rua do Fundo da Rua, logo a seguir à Rua Principal (os nomes são mesmo assim).

Para chegar a Montalegre a partir do Porto, deve seguir em direção e Guimarães e depois a Vila Pouca de Aguiar e Chaves, saindo para a N103 em direção a Boticas e Montalegre. Para chegar a Paradela do Rio, encontra as dicas na página online do projeto, em https://artedaterra.pt.

Adaptado de artigo publicado no magazine Fugas, do jornal Público.


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