Um pequeno trekking no Quirguistão

Lugares Improváveis

Uma das zonas mais acessíveis para um trekking no Quirguistão é a de Karakol, junto aos montes Tian Shan: em apenas três ou quatro dias de marcha podemos descobrir vales, montes e florestas de uma beleza pura…

Trekking no Quirguistão

Uma das zonas mais acessíveis para um trekking no Quirguistão é a de Karakol, junto aos montes Tian Shan.

A cidade de Karakol é pequena e acolhedora. Estamos em território de chabanas, os cowboys locais, que passam descuidadamente a cavalo sem se incomodarem com o parco trânsito, por entre as casas e igrejas de madeira no mais puro estilo siberiano e as elegantes filas de choupos que debruam a rua principal.

O Quirguistão, ou República da Quirguízia, é um destino quase desconhecido mas absolutamente fabuloso para quem gosta de montanha: cerca de 90% está a mais de 1.500 metros acima do nível do mar, e o pico mais alto, o Jengish Chokusu – mais conhecido pelo nome russo de Pobeda – alcança uns alvos e belos 7.439 metros – o mais alto da cordilheira do Tian Shan, que faz parte da cintura dos Himalaias.

A riqueza do país é sobretudo a água, já que grande parte das suas montanhas se encontra permanentemente debaixo de um manto de neve e de gelo: na Quirguízia há mais de seis mil e quinhentos glaciares, como o gigantesco Inylchek, com uma área de 583 km2.

Fazendo base em Karakol, em apenas dois ou três dias de marcha podemos descobrir vales, montes e florestas de uma beleza pura e sempre em mutação, de acordo com a meteorologia: montanhas verdes revestidas por manchas de coníferas, como guarda-chuvas fechados, ou envolvidas em capas brancas de neve; lagos azul-turquesa, rios turbulentos e transparentes, prados verdes e flores de todas as cores. Como o trekking que liga os vales paralelos de Karakol e Altyn Arashan.

Seguindo o rio Karakol, debruado por areia e pedras brancas, entramos e saímos da floresta, percorremos prados até alcançar a outra margem por uma ponte de madeira. Do outro lado espera-nos uma subida por dentro de bosques e vegetação densa, até ao magnífico lago de Ala Kol. No meu caso, também me esperava uma trovoada com granizo durante a subida e um nevão intenso junto ao lago. Uma luz fantástica e o toque da montanha, que parecia querer falar connosco. Uma dureza climática que não permitia distrações e me obrigava a estar presente todos os minutos, adivinhar pelo som uma queda de água escondida no nevoeiro, ver as pequenas flores azuis junto aos meus pés, tocar nos grandes rochedos que antecedem o Ala Kol, apoiando-me para não escorregar – e ficar ali, debaixo da neve, até a nuvem passar e o lago aparecer com a lentidão de uma fotografia a ser revelada. Uma maravilhosa mancha de água e luz, primeiro cinzenta, depois azul e verde.

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Fiquei por ali, a secar, e a adiar a descida para o vale seguinte. São mais algumas horas até ao próximo ponto de paragem, no vale de Altyn Arashan. A vista abrange o magnífico monte Palatka, de um branco incandescente, e as nascentes de água quente fazem desta zona a mais popular da região. Por mim, prefiro subir umas encostas, aproveitando a visita do sol, com a vã esperança de encontrar um dos ursos que ainda habitam a zona. Encontro apenas alguns chabanas,  vigiando de longe as suas ovelhas.

Os quirguizes prezam como ninguém as suas tradições nómadas e de liberdade, sobretudo desde a independência em relação à Rússia, em 1990. Para já, a fartura de água e pastos e uma cultura de vida independente garantem-lhes a subsistência, mas a beleza do território também promete um auspicioso futuro na área do turismo de ar livre.


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