Trekking: tão natural como caminhar

Coisas do Mundo

Trekking é uma palavra de origem sul-africana que significa seguir um trilho. Não é alpinismo, não implica escalada – apenas caminhar, o exercício mais natural do mundo.

Antes e durante o trekking

Com alguns cuidados no que diz respeito a vestuário, peso a transportar e aclimatação, qualquer humano saudável pode fazer trekking.

Como regra geral, diz-se que o trekking não vai além dos 6.000 metros de altitude, já que a partir daí é necessário conhecer algumas técnicas especializadas que ultrapassam em muito o simples “seguir um trilho”, como o eventual uso de crampões ou encordagem.

A diferença entre o trekking – ou trek – e uma simples caminhada é a sua duração; qualquer uma das actividades pode ter dificuldades intensas ou absolutamente nenhuma, mas um trek implica seguir um trilho marcado e dormir “fora”, em abrigos ou tendas, mudando de lugar como um nómada, enquanto numa caminhada se regressa ao ponto de partida para passar a noite.

O essencial para caminhar é um bom calçado, e é um grande erro fazer um trekking de botas novas, ou levar calçado de alta-montanha para um trilho de piso fácil e sem grandes declives; é tão mau como fazer de sapatilhas um caminho muito irregular ou com neve. Um pouco de bom senso e umas botas usadas, leves e com um bom apoio de tornozelo, são essenciais para não andarmos a coxear monte acima, transformando um prazer num pesadelo. Para o fim do dia ou para atravessar riachos, é bom ter também uns chinelos ou sandálias de plástico.

A roupa também tem de estar de acordo com o clima e a situação: peças quentes ou frescas e, no caso de um trekking de montanha, várias camadas sobrepostas. A única coisa que se deve levar em quantidade é roupa interior e meias. Quanto ao resto, uma muda (ou duas) de calças e de camisolas de manga curta, outra de manga comprida, e sempre um casaco impermeável corta-vento. Os materiais técnicos, mais leves e transpiráveis, são caros mas uma boa mais-valia. Não esquecer nunca o creme e o baton com protector solar, assim como protecção para a cabeça e uns bons óculos. E mesmo que a caminhada dure apenas duas ou três horas, não se afaste sem água e um punhado de barras de cereais, que não pesam mas salvam vidas.

Para levar tudo isto, é necessário uma mochila confortável, que se experimenta na loja como quem veste um casaco, regulando as alças de apoio à nossa medida, de preferência com alguma coisa lá dentro. Pequeno truque: não compre uma mochila grande, que a tendência vai ser sempre para a encher. Pessoalmente, não transporto mochilas com mais de dez quilos.

Para um percurso mais longo e duro convém estar em forma, e o melhor treino para caminhar é subir e descer escadas. No caso de caminhadas no estrangeiro, é sempre mais fácil levar de casa os medicamentos mais comuns ou que usamos todos os dias, sem esquecer um punhado de pensos próprios para ferimentos causados pelo calçado, e um desinfectante para alguma queda ligeira ou arranhadela.

Para treks mais longínquos, aconselha-se comprimidos para desinfectar a água – que se deve ir bebendo mesmo sem sentir sede -, e uns pacotinhos de frutos secos ou dos nossos doces favoritos, para nos dar energia e consolar de uma dieta por vezes desmoralizante. No caso de treks em altitude, é costume recomendar um diurético que alivia o mal da montanha – os médicos sabem aconselhar o mais indicado.

Os principais problemas que surgem durante um trek estão relacionados com quedas ou pés torcidos; aconselha-se muita atenção ao caminho e evitar saltos audaciosos.

Os melhores conselhos são:
• não partir sozinho;
• caminhar devagar e com atenção ao piso;
• beber muitos líquidos;
• baixar o consumo de proteínas e aumentar os hidratos de carbono (menos carne e mais farináceos);
• nos treks em altitude, acrescente-se ainda: descer para dormir (não dormir no lugar mais alto que alcançou) e não subir todos os dias; fazer paragens periódicas de um ou dois dias, para aclimatação.

Passo de Torong (5416 m), Nepal

O abominável “mal das montanhas”

O “mal da montanha” é uma doença grave causada pela altitude, que pode levar rapidamente à morte; no mínimo, faz-nos passar um mau bocado. Só ataca depois dos 3.000 metros, e não há nada que nos faça prever a sua aparição: quem é grande desportista e habitué das montanhas está tão à mercê deste mal como o turista comum. Para piorar, o facto de não se sentir mal da primeira vez, não quer dizer que assim seja da próxima. Felizmente, a cura é fácil: basta descer – às vezes cem ou duzentos metros – e os sintomas desaparecem.

As últimas consequências são o coma e a morte, por edema pulmonar ou cerebral, e os médicos previnem: em caso de dúvida, assuma que se trata desta doença e pare, no mínimo, 24 horas; caso os incómodos desapareçam pode continuar a subir, sempre com paragens de aclimatação.

As regras principais são: subir lentamente (cerca de 300 metros por dia), dormir mais baixo que a altitude máxima a que passou, conhecer os sintomas e, sobretudo, não os ignorar.

Não é factor de protecção:
• ter treino em trekking;
• ter experiências anteriores em altitude;
• não ser fumador;
• estar em boa forma;
• estar há mais de 24 horas em altitude (pode surgir após dias de permanência em altitude).

É factor de risco:
• Altitude igual ou superior a 3.000 metros;
• subida rápida (mais de 600 metros num dia);
• actividades cansativas;
• experiência anterior com Mal da Montanha;
• obesidade masculina;
• falta de paragens de aclimatação;
• uso de sedativos ou comprimidos para dormir.

São sinais de uma aclimatação normal do corpo à altitude:
• sono mais leve;
• respiração acelerada;
• caminhar muito devagar;
• aumento da excreção de urina.

Primeiros sintomas (podem aparecer em bloco ou um de cada vez):
• dores de cabeça que não passam;
• insónias;
• falta de apetite;
• tosse seca;
• diminuição da excreção de urina;
• falta de fôlego, mesmo em descanso.

Trekkings do Comedores de Paisagens:

As minhas viagens levam obrigatoriamente algumas caminhadas no itinerário. A mais curta será de algumas horas, a mais longa foram 32 dias seguidos pelos trilhos dos Himalaias. Encontra aqui alguns dos trekkings e caminhadas que fiz no Nepal (Baixo Mustang,  Anapurnas,  as duas faces do  Evereste), Quirguízia (Tian Shan e Saimaluu Tash) e  Paquistão.

 

 


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