O Boom Festival, em Idanha- a Nova, não é mais um festival de música para entreter o verão. Apesar de ter três palcos a funcionar 24 horas por dia, aqui o assunto vai muito para além da música.
Boom Festival
O Boom Festival, em Idanha-a-Nova, não é mais um festival de música para entreter o verão. Apesar de ter 3 palcos a funcionar 24 horas por dia – a hipnose da música trance fica assim disponível para noctívagos e madrugadores – o Boom é um sonho realizado: uma aldeia global onde tudo é permitido desde que não ofenda os outros ou o planeta.
Durante uma semana nasce aqui, num local recôndito do interior de Portugal, uma comunidade onde mais de 40.000 pessoas de mais de 150 nacionalidades (números de 2014) partilham o espaço numa atmosfera de festa e aprendizagem. Para além do desfilar contínuo de DJs, há um igualmente contínuo fluxo de workshops de vários tipos de ioga, pilates e chi gong, meditação, oficinas sobre os assuntos mais diversos mas sempre com a ecologia como pano de fundo (medicinas naturais, crudivorismo, permacultura), palestras que abrem caminhos para a consciencialização (novas tecnologias, economia global, alimentação) – o mais difícil é escolher, já que decorrem ao mesmo tempo e em locais diversos.
As casas de banho são ecológicas, os chuveiros têm água a horas marcadas, há pontos de água potável para que todos possam refrescar-se sempre que quiserem sem consumir milhares de garrafas de plástico. Os restaurantes propõem quase todos produtos biológicos e refeições vegetarianas ou veganas. Há quiosques de sumos e batidos, gelados e fruta. Só é pena os preços do pequeno supermercado serem tão altos (fruta a 50 c ou 1 € a peça, dependendo do tamanho?).
O lugar em si é um achado: uma área gigantesca de montado, com pequenas florestas fechadas de azinheiras cobertas de líquenes, pilriteiros a rebentar de bagas vermelhas, e uma lagoa imensa onde sabe bem arrefecer do calor intenso de agosto. As estruturas dedicadas à dança e ao chill out são bonitas, sombrias e aberta, com estratégicos vaporizadores de água que arrefecem os que não encontram razões para parar de dançar. O mobiliário e as esculturas distribuídas pela área são feitos de materiais reciclados ou naturais, e há hortas com legumes onde nos podemos abastecer livremente. Os workshops têm lugar em tendas ou salas de material reciclado e – a cereja em cima do bolo – há baloiços disponíveis em muitas árvores, e molhos de palha estrategicamente distribuídos pelas sombras.
Depois há a fauna que começa a chegar na noite anterior: muitos rastas, freaks da velha guarda, miúdos com ar de menores, tudo gente que vem para viver um sonho – com ou sem a ajuda de alucinogénios – onde liberdade e tolerância são as palavras-chave. Nos restaurantes, na lagoa ou nas pistas de dança, há quem ande nu ou quase, quem se vista de banana ou de cogumelo; há casais ao mais puro estilo “Tarzan e Jane”, com bebé incluído, homens vestidos apenas com um avental, mocinhas de tronco nu, bodybuilders tatuados, biquínis e sombrinhas chinesas. Muita gente descalça, que o chão está desimpedido de objetos cortantes (o vidro é proibido), e há muitos funcionários a apanhar o lixo dos distraídos – incluindo as beatas que não foram parar aos cinzeiros portáteis distribuídos na entrada, juntamente com um mapa da zona, uma saca para o lixo e um preservativo.
Com um virar de cabeça, podemos ver ao mesmo tempo gente a dançar a batida forte do trance mais progressivo, gente a comer, gente a dormir, a praticar ioga, a nadar na lagoa, a fazer malabarismo, a apanhar sol ou a passear o cão, o filho ou a galinha. Apesar do grande número de pessoas e da concentração excessiva de tendas nos espaços destinados ao campismo, não há qualquer agressividade no ar. Paz e sossego, música, sol e muita atividade interessante disponível durante uma semana. Com todos os defeitos que lhe possam apontar, o Boom tem certamente uma qualidade: deixa-nos viver uma semana num universo paralelo, muito melhor que o “mundo real”.
também fui, pela primeira vez, e adorei!!!
bela reportagem, eu tirei taaantas fotos (tudo e todos eram um bom motivo para ser fotografado!) que ainda não consegui fazer a minha reportagem:)
beijinho!
Para o ano lá estaremos? 😉
Gostei muito de ler a tua visao sobre o boom =) faco parte da tribo desde 2010 e vou tentar ir sempre que estiver em Portugal pois e uma semana de limpeza fisica e mental.
Fiz 3 posts sobre o boom 2014, se quiseres passa no meu blog para dares uma olhadela. E ja agora parabens, escreves muito bem!
Obrigada Marta! Mas acho que não conseguia escrever bem se escrevesse em inglês, como tu! 😉
Para mim o Boom foi uma descoberta: adorei e vou voltar sempre que puder!
Olá, gostaria de dicas sobre hospedagem no festival. Aqui no Brasil estou acostumada a ir na Universo Paralelo na Bahia, local onde existem cidades próximas nas quais podemos alugar casas ou ficar em pousadas. Em Idanha-a-Nova é assim também? Ou temos que ficar em barracas?
Olá. O Boom fica num lugar afastado de tudo, que precisa mesmo de transporte para chegar lá. Têm um shuttle só nessa época de festival. Por isso só há opção de ficar mesmo em tenda ou em algumas yurts que tem de reservar. Veja no site do festival todas as infos o para o próximo ano. Pode ter até modificado alguma coisa. Vemo nos lá? 😉
Muito obrigada pelas informações! Nos vemos lá sim! Abraços.
Olá,
muito bacana o post, nos ajuda e ter uma visão melhor do festival.
Irei comprar o ingresso essa semana e estou com duvida a respeito do Camping.
Caso resolva ir de Motorhome é perto? vi que não tem muitas vagas, precisar reservar?
Caso resolva acampar não tem segredo né… é só chegar e montar a barraca rsrs..
Obrigada
Kathia. espero que tenha mesmo comprado o bilhete, porque sei que a primeira leva já esgotou! 🙂