O inverno instalou-se na Córsega e fechou a neve e gelo estradas e trilhos. A ilha da beleza, cercada por um mar azul e morno, mostrou-nos como o Mediterrâneo pode ter um coração frio.
Inverno na Córsega
A palavra inverno dificilmente se associa à Córsega. O monte Cinto e mais alguns picos do interior da ilha costumam cobrir-se de branco para festejar a passagem de ano, mas um Mediterrâneo azul turquesa e um sol quase permanente costumam garantir temperaturas amenas na costa – ou espantar o frio para longe num par de dias.
Este ano não seria assim. Os cabeçalhos dos jornais anunciavam: “Córsega bate recordes de meteorologia de verão e de inverno”. A parte do inverno era connosco, um grupo de catorze amantes de fotografia à cata de fantásticos spots na costa, na neve, nas paredes esculpidas das calanches e nas aldeias penduradas nas encostas cobertas de maquis.
Em dezembro e janeiro, parte da estrada que corre pelo centro da ilha como uma coluna vertebral, equilibrando nas encostas pequenas aldeias de aspeto austero, a torre grossa do campanário invariavelmente em destaque, simplesmente fechou, assim como os pequenos vales laterais que saem de Corte, campo base de caminhadas e trekkings pelos pontos mais altos da ilha. E a cidade mais corsa da ilha, com a sua fortaleza em forma de barco de pedra, foi o único local onde o dia começou muito escuro, sob um telhado de nuvens de chuva e neve.
Mas a ilha é profusa em beleza, e há sempre um local secreto à espera de ser descoberto: a pequena baía de Porto ao cair da noite, Notre Dame de la Serra de manhã, as aldeias da região de La Balagne, com os montes nevados por trás. O sol não faltou nas falésias brancas de Bonifacio, nem na baía de Rondinara. O ar frio desceu dos montes para o mar e gelou o azul no céu, transformando a viagem num circuito panorâmico com paragens obrigatórias sobre penhascos, florestas e montes que escondem montes, que escondem montes que terminam no Mediterrâneo. Porque a Córsega é isso mesmo: uma montanha no mar.
Uma ilha única
A Córsega faz parte da França e fica em pleno mar Mediterrâneo, entre a costa sul do continente e a ilha da Sardenha, território italiano. Culturalmente, é mais italiana que francesa – mas é sobretudo corsa: tem uma língua própria, uma gastronomia com muitas variações regionais e um povo muito orgulhoso das suas tradições, com várias tentativas de independência (pelo menos uma delas conseguida!) no cartório. O acesso é fácil a partir de Nice ou Marselha, com voos regulares para Bastia, Ajaccio, Calvi e Figari que pode pesquisar em JetCost. Também há ligações marítimas, sobretudo durante os meses mais quentes e turísticos.