No labirinto de Fez

Destinos

Fez foi a primeira capital imperial de Marrocos e continua a ser um símbolo cultural e espiritual do país. Andar perdida no labirinto das suas ruelas é um dos meus maiores prazeres de viagem.

Pormenor de fontanário

Fez: o labirinto de Marrocos onde é bom perder-se

Capital de Marrocos até os franceses decidirem mudá-la para Rabat, a cidade de Fez continua a ser uma espécie de capital cultural e espiritual do país. O seu símbolo máximo é a mesquita de Karaouine, que é também a mais antiga universidade do mundo ainda em funcionamento, e possui uma biblioteca com mais de trinta mil volumes.

Fez é também um grande labirinto medieval, rodeada por muralhas abertas em quatro portas, onde os veículos de quatro rodas não podem entrar. Os prédios e ruelas de Fez el Bali (Antiga Fez) estão classificados pela UNESCO, mas o que realmente impede as velhas muralhas e paredes de ruírem de vez é o facto de estarem vivas, de serem habitadas e usadas todos os dias por mais de oitocentos mil habitantes.

Apesar da abundância de lugares monumentais e históricos – as portas que se abrem na muralha, como a bela Bab Bou Jeloud), a zaouia (mausoléu) de Moulay Idriss, fundador da cidade, a elegante mesquita de Karaouine ou as elaboradas madrassas (escolas corânicas) que vamos encontrando por acaso -, a atividade febril das ruelas é para mim a maior atração desta Fez arcaica, uma viagem no tempo aqui tão perto de nós.

Em vez de seguir um guia turístico, é um prazer perder-me nas ruas ao acaso e reaprender o prazer do passo lento. Desembocar em becos sem saída, ficar espalmada contra portas enquanto passa uma caravana de burricos anunciada pelos gritos do condutor, fazer gincana por entre os sacos de senhoras às compras, descobrir pequenas praças escondidas onde os miúdos brincam na rua, os detalhes fantásticos de fontanários e portas, velhos caravançarais onde ainda se fabrica a típica cerâmica azul…

E o mais curioso é que sempre que pratico a arte da deambulação neste labirinto fantástico, acabo por encontrar sem querer os “clássicos” souk do henné e dos couros, uma ou outra madrassa, o túmulo de Idriss… lugares onde confluem grupos de turistas em visita guiada, na agitação fotográfica de quem não quer perder o “essencial”.

O melhor é passar à frente e sentar num daqueles minúsculos e abundantes lugares que servem sumos de laranja feitos na hora, ou um maravilhoso cuscuz, e depois continuar o caminho. Ou então sair por uma das portas monumentais e ver a cidade por fora (que me lembra os desenhos que adoro da Ana Aragão): o casario geométrico que trepa pelos montes numa colmeia parda, o cemitério aberto que serve de caminho, com os Montes Atlas em pano de fundo. De manhã cedo ou ao fim da tarde, é outra cidade que descobrimos, enlaçada num labirinto que a protege dos tormentos da vida moderna.


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