Seja como enquadramento de templos e palácios ou como espaços verdes urbanos, os jardins de Quioto, no Japão, são lugares onde podíamos deambular para sempre sem encontrar vestígio de fealdade ou desequilíbrio. O paraíso, portanto.
Jardins de Quioto, obras perfeitas
Os jardins em Quioto – e em todo o Japão – são mais do que espaços verdes onde se passeia, deixando para trás a pressão das cidades de betão e asfalto; cada rocha, cascata, lago ou lanterna de pedra, tem um significado e uma uma posição que obedece, por vezes, a algo mais profundo do que a estética: pode ser uma alusão a um poema ou a uma pintura, a representação de um sonho, uma dedicatória… e é isso que os torna tão perturbadores: instintivamente, sabemos que a sua beleza é justificada, não é vã ou fruto do acaso.
Tal como tudo o que faz parte integrante da cultura tradicional japonesa, do vestuário à arquitetura e da comida à música, os jardins também são pensados ao pormenor e obedecem a regras rígidas que visam alcançar a perfeição. Pequenos paraísos, portanto, que com os recursos terrestres (plantas, água, terra, pedras, musgo) nos transportam para um lugar perfeito e etéreo, algures entre a terra e o céu.
Tenryu-ji
O jardim zen do templo Tenryu-ji foi desenhado no século XIV para apaziguar a alma do velho imperador morto no exílio. De forte influência chinesa, oferece uma paisagem subtil e completamente parada, como uma pintura, só interrompida pelos grupos de turistas que visitam o templo e a famosa alameda de bambus que fica por trás.
Kinkaku-ji (Pavilhão Dourado)
Tranquilidade, é o que sentimos imediatamente, ao contemplar no lago o reflexo dourado do magnífico pavilhão que dá o nome ao jardim. Um arquipélago de rochas oferecidas por vassalos – prática comum no Japão do final do século XIV – desponta por ali. O lago foi feito para ser percorrido de barco, e o pavilhão para ser visto da água.
Ginkaku-ji (Pavilhão Prateado)
Não se sabe se o pequeno edifício escuro que já foi um palácio e é hoje um templo zen, alguma vez esteve coberto de prata, ou o seu nome não passa de um desejo ou uma visão. O seu pequeno lago de margens muito recortadas, pontuado de ilhas, e a cascata que leva o nome de Nascente onde a Lua se lava formam um jardim perfeito, sobretudo com as cores de Outono.
Tofuku-ji
Mais visitado no outono por causa da alameda de plátanos, que se transforma numa pintua de amarelos e vermelhos, este templo zen é beleza pura em qualquer altura do ano. Para além de ter a o mais antigo exemplo de arquitetura medieval japonesa na porta San-mon, o seu jardim do século XX é considerado um dos mais perfeitos exemplos dos jardins japoneses contemporâneos – sem com isso fugir ao seu clássico design.
Daitoku-ji
Um dos maiores complexos zen de Quioto, onde é possível descobrir mais de vinte templos, um minúsculo e requintado jardim de pedra (jardim “seco”, ou kare-sansui) e o mais elegante e comovente subtemplo que já vi, o Koto-in, rodeado por jardins e com uma pequena casa de chá lateral. Construído para um líder militar do século XVII, Hosokawa Tadaoki, sepultado no jardim, este é um lugar onde, simplesmente, apetece ficar para sempre.
Muito interessante!
Obrigada! 🙂
Simplesmente lindo! Morro de vontade de conhecer!
Vale muito a pena!