Quem gosta do outono associa-o às extensas florestas da América do Norte durante o seu famoso indian summer. Mas isso é antes de passar um outono no Cáucaso, sobretudo na Geórgia.
A Geórgia no Outono
Quem aprecia o outono, como eu, não o associa à Geórgia, mas às extensas florestas da América do Norte e ao seu famoso indian summer, que corresponde em Portugal ao verão de S. Martinho: uns dias luminosos antes do inverno chegar a sério e se instalar, despindo as árvores e queimando a paisagem que não consegue vestir de branco. São dias de calor, com as folhas da árvores caducas a experimentarem todas as cores e a caírem no chão num tapete espesso, onde sabe bem caminhar.
Mas na Geórgia o outono tem um esplendor especial, pelas montanhas escarpadas, de encostas dramáticas cobertas de floresta até ao topo, e pela proximidade de picos cobertos de neve todo o ano. A região do Svaneti, uma das mais extraordinárias do país, é ideal para mergulhar num outono de sonho, com florestas densas em todos os tons de amarelo, laranja e vermelho que antecedem a linha da neve, cada vez mais próxima das aldeias.
Se chegar à Geórgia não é difícil – no site da Rumbo encontra voos baratos, sobretudo a partir de Cracóvia -, chegar ao Svaneti já requer mais paciência; há mashrutkas (carrinhas que funcionam como táxis coletivos) que saem das cidades de Kutaisi e Tbilissi, mas a viagem dura cinco a oito horas, respetivamente, e percorre uma belíssima estrada que vai ficando mais estreita e serpenteante, à medida que subimos os montes do Cáucaso.
Uma vez em Mestia, a povoação mais importante da região, basta subir monte acima em direção à cruz que assinala um miradouro, basta perdermos o carreiro e cortar por caminhos traçados pelas vacas que por ali deambulam, basta patanhar na lama e continuar até à neve que quase esconde o minúsculo lago Koruldi, para entrarmos no outono. Um outono que só pode ser contado em imagens e que ainda não pode ser avistado lá de baixo, do magnífico vale enquadrado por montanhas cobertas de neve, onde despontam as típicas casas-torre que valeram a Mestia integrar a lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO.
As torres de pedra são típicas do Svaneti, a região dos Svan, um subgrupo cultural dos georgianos, com a sua língua e nuances culturais próprias. Serviam ao mesmo tempo de lar, celeiro e abrigo, durante as comuns disputas entre famílias. Apesar das suas particularidades, o Svaneti é considerado o coração profundo da Geórgia e guardião dos seus valores, justamente por ser remoto e algo misterioso, até para os próprios georgianos.
Mas lá do alto não se avista Mestia. O desnível é de mil e setecentos metros, e vale cada passo. Pelas folhas vermelhas que ganham luz própria a cada raio de sol, pelas solitárias cabanas de madeira usadas pelos pastores durante o verão, pelas magníficas vistas sobre o vale e as manchas de floresta em vários tons. O monte Elbrus, na Rússia, apesar de próximo, não se deixou ver. Mas as nuvens foram deixando passar focos de luz que apontavam para outras belezas, e só regressámos quando a sombras chegaram ao vale.
Para apreciadores do outono, recomendamos também o Gerês no outono.
Que bonitas fotos, adoro como o Outono torna a Natureza lindíssima e esses locais escondidos têm sempre boas surpresas! No Gerês também deve ser fantástico e sorte nossa, bem mais fácil de lá chegar 🙂
Bem, um elogio às fotos vindo de alguém que faz belas fotos de comida, é um grande elogio!
Obrigada Patrícia. É que eu adoro mesmo o outono e vou atrás dele onde quer que esteja!
Apetece comer estas paisagens!
Eu já tinha lido esse post, mas voltei agora para comentar. Fiquei encantada com as cores de outono! Espero que a primavera também me reserve cores belas.
De certeza que sim, Camila! Deve haver flores, mas talvez mais para maio ou junho…